quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Ceará Colonial


A primeira tentativa efetiva de colonização ocorreu com Pero Coelho de Sousa em 1603, que fundou o Forte de São Tiago na Barra do Ceará. Em 1605, porém, sobreveio a primeira seca registrada na história cearense, fazendo perecer Pero Coelho e sua família. Em 1612 nova expedição foi enviada como parte dos esforços de reconquista do Maranhão, sob o comando de Martim Soares Moreno, que funda o Fortim de São Sebastião também na Barra do Ceará. Ao retornar, em 1621, encontrou o forte destruído, mas lançou as bases para o início da exploração econômica e o apaziguamento dos nativos.
Em 1637 o terreno foi tomado pelos holandeses, que construíram, na embocadura do riacho Pajeú, o Forte Schoonenborch e procuraram se estabelecer na região sob forte hostilidade dos indígenas. Após a sua expulsão em Pernambuco, entregaram o forte aos portugueses, que, dessa vez contavam com o apoio dos nativos, restabelecendo o poderio português, rebatizando-o de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção. Os portugueses continuaram a colonização do território cearense com intuito de protegê-lo de invasões de estrangeiros.
A influência dos jesuítas foi determinante, resultando na criação de aldeamentos (Porangaba, Paupina, Viçosa e outros), muitos deles fortemente militarizados, onde os indígenas eram concentrados para serem catequizados e assimilados à cultura lusitana. Tribos tupis aliadas dos portugueses também vieram se instalar em vilas militarizadas na capitania. Dessas reduções surgiram às primeiras cidades da capitania, como Aquiraz e Crato. O processo de aculturação, no entanto, não se deu sem grandes influências de crenças e produtos nativos. A intensa resistência levou a episódios sangrentos, destacando-se a Guerra dos Bárbaros, ao longo de várias décadas do século XVIII, que resultou na fuga dos habitantes da capital Aquiraz, em 1726, para Fortaleza, que passou a ser a capital.
Primeiro mapa de Fortaleza de 1730.Outras frentes colonizadoras surgiram com a instalação da pecuária na capitania, através dos Sertões de Dentro e Sertões de Fora, levas oriundas respectivamente da Bahia e de Pernambuco. Vilas como Icó, Aracati, Sobral e outras surgiram do encontro de rotas do gado tangerino, que era levado até as feiras ou fregueses. Mais tarde o custoso transporte do gado perdeu importância para a produção da carne de charque que, no final do século XVIII, se disseminou também para a Região Sul do Brasil. Nas regiões serranas, houve grande afluxo de pessoas que se dedicaram à agricultura policultora, o que veio a caracterizá-las pela maior diversificação da produção e pela estrutura menos latifundiária que a do sertão. O vale do Cariri assenta-se menos na pecuária e mais na cultura da cana-de-açúcar, propiciando a entrada de maiores levas de escravos africanos. O litoral, refúgio de muitos indígenas e negros livres ou fugitivos, povoou-se de vários vilarejos de pescadores.
As principais vilas da capitania da época charqueana eram Aracati, Crato, Icó, e Sobral. A que mais ganhou destaque foi Aracati, devido ao comércio de couro e carne de charque. Entre os anos de 1750 a 1800, Aracati viveu seu apogeu, mas com uma grande seca na região entre os anos de 1790 até 1793, os rebanhos bovinos morreram e a produção de charque transferiu-se para o Rio Grande do Sul, que assumiu a posição de abastecedor principal das outras regiões.

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